Gravidez e Café | Quantidade segura e recomendações

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IMPORTANTE

A informação fornecida neste site é baseada em diretrizes europeias e internacionais, recomendações da OMS e fontes de evidência científica confiáveis, como o Uptodate. O conteúdo aqui presente tem apenas fins informativos e não substitui uma consulta com um profissional de saúde qualificado.

A cafeína é a substância farmacologicamente ativa mais consumida no mundo. É um estimulante commumente usado, mas que suscita no entanto muitas dúvidas quanto à sua segurança, principalmente durante a gravidez

Embora não haja evidências claras do seu efeito negativo na gravidez, existem crenças sobre uma relação entre a ingestão de cafeína e um maior risco de complicações, tendo sido associado a um risco aumentado de aborto espontâneo, malformações e baixo peso ao nascer. Por isso, se estás grávida, é natural que tenhas dúvidas relativamente à toma de café.

Neste artigo irei partilhar contigo os dados mais recentes sobre os efeitos da cafeína durante a gravidez e o seu impacto no desenvolvimento do bebé. Partilharei contigo as últimas recomendações sobre a toma de café para uma gravidez segura e as precauções a serem tomadas.

Convém apenas relembrar que cada gravidez é única e que as recomendações podem variar de acordo com as características individuais, sendo imprescindível um bom acompanhamento médico nesta fase tão importante. Espero que este artigo seja útil e que esclareça as tuas principais dúvidas sobre este tema.

Boa leitura !
café e gravidez

Efeitos da cafeína na mulher grávida

Café, chá, cacau e refrigerantes carbonatados são as principais fontes de ingestão de cafeína. No entanto, o café contém 50 a 70 % mais cafeína do que o chá e outros produtos, representa por isso a principal fonte de cafeína na gravidez.

O consumo de baixas doses de café durante a gravidez parece estar associado a uma diminuição do risco de diabetes gestacional (diabetes da gravidez). Estes resultados são consistentes com outros estudos realizados na população geral que revelaram uma diminuição do risco de diabetes tipo 2 com o consumo regular de café.

Outras alterações na mulher grávida têm sido associadas ao consumo regular de cafeína. Contudo, essas associações carecem todas de mais e melhores estudos para se poderem tirar conclusões fidedignas.

cafe, cafeina e gravidez
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Cafeína e desenvolvimento fetal: o que dizem as pesquisas

A evidência científica para já é reconfortante, pois parece improvável que um consumo materno baixo de cafeína possa aumentar o risco de complicações durante a gravidez. No entanto, alguns estudos têm relatado relações negativas entre a toma de café durante a gravidez e o desenvolvimento fetal. Estes são os principais:

➤  Aumento do risco de malformações: embora alguns estudos tenham relatado uma associação entre a ingestão de cafeína e certas anomalias congénitas, os resultados devem ser interpretados com cautela, pois tratam-se de estudos com algumas falhas a nível da metodologia e os resultados são por isso muito difíceis de interpretar. 

➤  Baixo peso ao nascer: dois estudos descobriram que a ingestão materna de cafeína durante a gravidez estava associada a um risco maior de baixo peso ao nascer. Nesses estudos o risco de baixo peso ao nascer aumentou à medida que a ingestão materna de cafeína aumentou. Cada aumento de 100 mg por dia na ingestão materna de cafeína foi associado a um risco 3 a 13% maior de baixo peso ao nascer. Estes estudos apoiam assim a recomendação atual de diminuir a ingestão de cafeína durante a gravidez.

Maior risco de parto prematuro: Uma revisão de 2010 analisou 22 estudos e não encontrou uma associação significativa entre a ingestão materna de cafeína e parto prematuro. Por isso mais estudos são necessários antes de se poder tirar conclusões sobre esta possível complicação.

 

SERÁ QUE A CAFEÍNA ATRAVESSA A PLACENTA ?

Sabemos que a cafeína e seus metabólitos atravessam facilmente a placenta e podem ser encontrados no líquido amniótico e no sangue fetal. Além disso, durante a gravidez o organismo da mulher metaboliza de forma muito mais lenta a cafeína, fazendo com que essa substância se mantenha em contacto durante mais tempo com o feto. Por seu lado, o fígado imaturo do feto faz com que a cafeína também seja metabolizada de forma muito lenta no organismo dele. Portanto, um consumo (mesmo que baixo) de cafeína durante a gravidez, leva a uma exposição fetal prolongada à cafeína.

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Últimas recomendações sobre a quantidade segura de café na gravidez

As recomendações atuais sugerem que a ingestão de cafeína durante a gravidez seja limitada. Algumas organizações de saúde, como a American College of Obstetricians and Gynecologists (ACOG) e a National Health Service (NHS), recomendam que as grávidas limitem seu consumo de cafeína a menos de 200 miligramas por dia. Isso equivale a mais ou menos um café por dia. No entanto, é importante lembrar que cada gravidez é única, e algumas mulheres podem ser mais sensíveis à cafeína do que outras. 

Além disso, acho importante salientar que o café não é a única fonte de cafeína. Outras bebidas, como chá preto, chá verde e alguns refrigerantes também contêm cafeína e devem por isso ser considerados na contagem total de cafeína por dia. Não te esqueças de verificar os rótulos de refrigerantes e outros produtos energéticos, para evitar o consumo de cafeína “escondida”.

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Alternativas ao café durante a gravidez

Partilho aqui contigo algumas alternativas ao café para conseguires reduzires mais facilmente a tua ingestão de cafeína durante a gravidez.

Existem várias alternativas saborosas e saudáveis, estas são algumas opções que podes considerar:

Chás de ervas: são uma ótima alternativa ao café, pois são naturalmente livres de cafeína. Algumas opções mais populares incluem chá de camomila, cidreira, hortelã ou ainda gengibre. Aliás, sabias que o gengibre ajuda a reduzir os enjoos na gravidez?

Chá verde descafeinado: se gostas do sabor do chá verde, podes optar por uma versão descafeinada.

Bebidas à base de fruta: Uma opção refrescante é fazer bebidas à base de frutas frescas, como por exemplo limonada (idealmente sem açúcar). Podes também criar smoothies nutritivos combinando uma ou duas frutas (como banana, morango, manga, abacaxi ou maçã) com iogurte natural e gelo. Tendo em conta que os batidos/smoothies são feitos triturando a fruta inteira, acabam por ser mais saudáveis e nutritivos quando comparados com o sumo natural. O consumo desse tipo de bebidas deve no entanto ser limitado. A forma mais saudável de consumir fruta é comê-la inteira. Ao juntares várias frutas numa bebida estás a ingerir de forma rápida uma grande quantidade de açúcar naturalmente presente nesses alimentos. 

Infusões de frutas com especiarias: esta é outra alternativa deliciosa e sem cafeína. Podes experimentar combinações como maçã com canela, laranja com cravo ou morango com hortelã. Basta adicionar as frutas frescas e as especiarias na água, ferver a água e depois deixar em infusão por alguns minutos.

bebida sem café gravidez
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smoothie gravidez para evitar cafeína

Espero que tenhas gostado deste artigo sobre as consequências e cuidados relativamente à ingestão de cafeína na gravidez.

Se ficaste com alguma dúvida ou se tiveres alguma sugestão não hesites em deixar um comentário.

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